ESG – Um exemplo de aplicação prática do “S”

Transformação da vida de jovens carentes por meio de oportunidade ao mercado de trabalho

Fruto de uma lei em vigor há 22 anos, o programa Jovem Aprendiz é a porta de entrada para muitos adolescentes no mercado de trabalho. Se, de um lado, a iniciativa oferece a experiência do primeiro emprego; de outro, também ajuda a qualificar a mão de obra de que o setor produtivo precisa.

Mas a proposta é admirável também por outras razões. E uma delas é que se volta às necessidades de adolescentes em situação de vulnerabilidade social, ajudando-os a exercer a cidadania por meio de um trabalho digno, seguro e saudável e a ter condições de assumir protagonismo social. Mais do que isso: permite que concorram em igualdade com outros jovens no mercado de trabalho.

Um propósito bonito. Mas que não é viável.

Em 2019, o Brasil tinha quase meio milhão de adolescentes trabalhando por meio do programa Jovem Aprendiz. O número até impressiona. Mas não representa nem 8% dos brasileiros entre 14 a 24 anos aptos para estarem nesta condição, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).

Por que isso acontece? Porque muitas empresas ainda priorizam candidatos mais preparados, com boa desenvoltura e melhor nível cultural em seus processos – e isso inclui o programa Jovem Aprendiz. Mas, na contramão desse perfil padronizado, estão aqueles adolescentes com dificuldade de aprendizagem, pouca habilidade com informática, comportamento inadequado ou, ainda, histórico de atraso escolar.

Em meio a este cenário discrepante, uma empresa de médio porte sediada na cidade de Joinville, no norte catarinense, decidiu mudar sua participação nessa realidade. Isso foi no ano de 2017.

Naquele ano, a Secretaria de Assistência Social do município contabilizava 3.533 jovens cadastrados para o processo – número que vinha crescendo desde 2014. Esse crescimento, no entanto, não era um bom sinal. Era, na verdade, um indicativo de que boa parte deles não conseguia uma vaga. E um dos principais motivos era a situação social de muitos deles.

Esta empresa, no entanto, optou por diminuir esse abismo. Em uma parceria inédita com a Secretaria de Assistência Social, passou a contratar apenas adolescentes carentes para trabalhar como aprendizes na área administrativa.

A iniciativa deu certo. Apenas naquele ano, a empresa contratou 18 jovens carentes. No ano seguinte foram outros 20. Desse total de 38, seis viviam em instituições de acolhimento na cidade, longe do convívio com a família de origem.

Além de colocá-los em contato com o mercado de trabalho, a iniciativa também possibilitou o acesso de todos a cursos de aprendizagem qualificada – no caso, de assistente administrativo industrial, oferecidos pelo Serviço Nacional da Indústria (Senai).

Assim, sempre entre janeiro e dezembro, os jovens receberam salário de R$ 1.158,00 e tiveram direito a outros direitos trabalhistas e previdenciários, como vale-transporte, 13° salário, férias e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e benefícios como vale alimentação.

Foi uma inclusão com impacto muito acima do que se esperava. Além da contribuição na renda familiar, o primeiro emprego também trouxe novos aprendizados, novas habilidades, novos comportamentos e novas perspectivas para um futuro mais digno e promissor. Mais do que isso: fez muitos jovens experimentarem um forte sentimento de gratidão, autorrealização e autoestima.

Para os aprendizes, o amparo foi triplo – primeira experiência prática de trabalho, formação profissional em entidade qualificadora e aumento da frequência escolar. E para a empresa, a vivência ultrapassou os limites do cumprimento de uma obrigação legal.

Ao conceder acesso a serviços e direitos, promover a inclusão social, diminuir a desigualdade social e melhorar a qualidade de vida de tantas famílias, a empresa entendeu seu papel no mundo. Ela também sentiu diretamente o seu senso de dever de empresa cidadã e, enfim, se identificou com o compromisso social da comunidade ao seu entorno. E, acima de tudo, reafirmou uma tendência cada vez mais perceptível no mundo empresarial: a de que apenas o lucro não é mais suficiente para determinar o sucesso de uma organização.

O caminho ESG não tem volta. Incentivar a cultura ESG, implementando seus princípios, a partir do propósito e estratégias do negócio transformam a realidade do mundo 4.0, que infelizmente, ainda sofre com necessidades básicas.

Gostou do conteudo? Compartilhe.
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on linkedin
Share on facebook
Share on twitter
Share on print
Share on email