Os dados como petróleo: os usos e limites

Dados são o petróleo da era digital, já dizia o britânico Clive Humby, matemático especialista em ciência de dados. Mas também são como a moeda das transações monetárias. Ou o equivalente ao ouro para os metais. O diamante das pedras preciosas. O caviar da comida.

No século 21, os dados se tornaram uma fonte de riqueza econômica tão valiosa que comparações assim são comuns, numa tentativa de demonstrar toda a dimensão da sua importância. A frase de Humby – dita lá em 2006, quando uma analogia assim sequer era cogitada – agitou o mundo, virou um mantra e foi repetida à exaustão: “Dados são o novo petróleo”. E são mesmo. Ninguém mais questiona que estamos mesmo vivendo na era dos dados. Talvez, o auge dela.

O fato, no entanto, é que a declaração mais famosa de Humby é incompleta. Aquilo que veio logo na sequência não teve a mesma fama, mas, de qualquer forma, o matemático alertou: em seu estado bruto, os dados não têm qualquer valor. É como o poço de petróleo, a mina de ouro ou a jazida de pedras preciosas: elas não geram riqueza somente por existir. O que tem valor é o que eles podem oferecer.

Tal qual os exemplos acima, os dados também precisam ser tratados, lapidados e refinados para que se tornem úteis, valiosos e uma fonte de possibilidades inesgotáveis. Se os dados brutos não têm valor, os cruzamentos que podem ser feitos dele têm. As associações e as leituras que ele proporciona também. E para quem sabe ouvir, os dados também têm muito a dizer. Eles apontam o caminho e geram insights que podem guiar toda a atividade de uma empresa. São essenciais para analisar comportamentos sociais, orientar tendências de mercado, identificar o funcionamento de uma estratégia e criar experiências personalizadas, por exemplo. Organizar todo esse tráfego de dados é imprescindível para tomar as decisões corretas e criar negócios inovadores. E também para fazer surgir conceitos como governança de dados.

A governança de dados se torna essencial a partir do momento que as informações geradas por dados precisam ser cruzadas e traduzidas. Governança é gestão. É planejamento. É supervisão e controle. É como pegar os dados tais como eles estão, brutos, e adentrar com eles na complexa teia de informações isoladas que precisam se encontrar para fazer sentido. Uma realidade bem mais complexa que o poço de petróleo.

Doze anos depois da frase de Humby ganhar o mundo, um dos maiores pensadores da atualidade, o historiador israelense Yuval Noah Harari, autor dos best-sellers Sapiens e Homo Deus, foi para o mesmo caminho. Disse ele: “os donos dos dados são os donos do futuro”. Essa frase, tal como a de Humby, também vem ganhando repercussão e está na nova obra do historiador, lançada em 2018. Em 21 lições para o século 21, Harari traz à tona questões que acredita que irão moldar o futuro da humanidade.

A diferença, no entanto, é que o pensamento de Harari já vem também com um alerta: agora que constatamos qual é o petróleo do século 21, é preciso protegê-lo. Considerando que o mundo não para de produzir novos dados – estima-se que sejam gerados cerca de 2,5 quintilhões de bytes por dia no mundo –, a preocupação com a integridade deles cresce na mesma proporção. Ao mesmo tempo que as empresas utilizam os dados a seu favor, elas também ficam mais vulneráveis a eles.

Ou seja: o uso dos dados é importante para guiar negócios, mas não é uma festa. Há freios que limitam este cenário. A onda generalizada de leis de proteção de dados que vêm ganhando força no planeta – a exemplo da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), já em vigor no Brasil – não é uma tendência lançada ao acaso. É uma tentativa de frear a ausência de limites que se tornou o uso desses dados. Uma forma de exigir a adaptação – e até reinvenção – das empresas cujo modelos de negócio foram criados em uma fase de pré-proteção de dados.

Considerando tudo isso, é possível afirmar que sairá na frente aquele que fizer as duas coisas de forma concomitante: lapidar os dados e também protegê-los. É aí que está o verdadeiro diferencial do novo petróleo: somar o uso com a proteção, a análise com o zelo, a pesquisa com a ética. É esse o caminho que falta para amadurecer o mercado que sobrevive à era dos dados.

Diferente do petróleo, os dados não são commodities e, portanto, não podem ser tratados como tal.

E você, como tem trabalhado com dados no seu ramo de negócio?

Os dados precisam ser tratados, lapidados e refinados para que se tornem úteis, valiosos e uma fonte de possibilidades inesgotáveis. Se os dados brutos não têm valor, os cruzamentos que podem ser feitos dele têm. As associações e as leituras que ele proporciona também.

E para quem sabe ouvir, os dados também têm muito a dizer. Eles apontam o caminho e geram insights que podem guiar toda a atividade de uma empresa. São essenciais para analisar comportamentos sociais, orientar tendências de mercado, identificar o funcionamento de uma estratégia e criar experiências personalizadas, por exemplo. Organizar todo esse tráfego de dados é imprescindível para tomar as decisões corretas e criar negócios inovadores.

Com este artigo busquei aprofundar um pouco mais a respeito deste importante tema. Diferente do petróleo, os dados não são commodities e, portanto, não podem ser tratados como tal.

E você, como tem trabalhado com dados no seu ramo de negócio?

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